Desde
os primeiros séculos a igreja tem sofrido com homens que querem usurpar das sãs
escrituras. Homens que querem criar seus próprios cânones. E hoje, para não ser
diferente, é perceptível a manifestação
de líderes nas igrejas que têm buscado um sistema de interpretação das
escrituras que esteja pautada em vãs filosofias. Esses líderes buscam criar filosofias
que possam construir um tipo de alienação histórica nos membros da igreja. E
não é só isso, esses líderes querem também criar uma inquestionabilidade de
forma que possam manipular seus membros.
Quando
se cria um sistema de alienação histórica e verdades inquestionáveis, se criam
então manipulações. Os pastores e apóstolos de hoje muito se parecem com os
sacerdotes dos deuses antigos, pois nada se fazia sem antes consultar o
sacerdote. O sacerdote era quem dizia faça ou não faça, e isso é claro segundo
sua visão e sua verdade. Quem não se lembra do filme 300, onde Leônidas, o rei
espartano, foi enganado por seus sacerdotes, pois estes haviam sido comprados.
Novamente
estamos vivendo em período mítico, onde as superstições não podem ser abolidas,
onde as narrativas criadas para descrever o início das coisas, o pecado, a
morte, os deuses, devem ser obedecidas e não trazidas a luz para serem
elucidadas, pesquisadas, postas a prova. São muitos os sacerdotes religiosos
que se colocam como super-homens, que têm visões, falam centenas de línguas,
fazem prodígios, falam com anjos, enfim, são dotados de "muito
poder". Estes têm divulgado muitos ensinos que se parecem com mitos. Homens
que estão entregues as suas próprias convicções e tem ensinado a muitos suas
falácias.
Segundo
o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, 'as convicções são inimigas mais
perigosas da verdade do que as mentiras'. Ou seja, na medida em que alguém
assume estar perfeitamente certo de suas convicções em certo assunto, este
alguém já não mais pesquisa ou duvida do tal assunto que é 'verdade absoluta' e
incontestável. Desta forma, se estiver
errado em suas convicções, morrerá sem ter descoberto a verdade. A este tipo de
certeza absoluta damos o nome de dogmatismo. Em todas as áreas do saber existe
este tipo de comportamento absolutista, seja do lado das ciências ou do
religioso. A história está recheada de histórias onde a igreja mandava matar
aqueles que questionavam suas 'verdades'. Segundo François Jacob, 'nada é tão
perigoso quanto a certeza de ter razão'.
Um
dos pontos de maior destaque é ter um pensamento crítico, pois através deste
tipo de pensamento o homem pode se lançar mais longe na produção da sabedoria e
da verdade. Desta forma o homem se desprende da verdade que muitas vezes não
está na tradição ou no absolutismo de entidades eclesiais. É urgente e atual
que antes de adotar verdades ou ideias, se vejam as implicações e argumentos
que fundamentam tais ideias ou verdades.
Kant,
certa vez mencionou o perigo de não ter esclarecimento. Porém, o que é ter
esclarecimento? Bem, ele atribui isso ao ato do homem sair de sua minoridade.
Contudo, o que vem a ser essa minoridade?
A
minoridade do homem está quando ele não se incomoda em ser cômodo, isto é, em
estar acomodado em não ter seu próprio entendimento, e, para sair deste lugar,
é preciso coragem. Ser cômodo é ser menor. Sair do estado de comodidade é
preciso se lançar a uma liberdade de consciência e para isso é preciso se
esforçar. Refletir, pesquisar, estudar, passar horas e mais horas em busca do
aprofundamento intelectual é algo que decidirá se você é cômodo ou não, ou
seja, escravo ou livre. Os homens não precisam ter outros homens como líderes
intelectuais, precisam sim de referências, mas não de líderes. É preciso ser
seu próprio líder, ou seja, dono de suas próprias faculdades mentais e
intelectuais.
O
claro e evidente não é prova em si mesmo de ser a verdade. Ser questionador é
não aceitar respostas ou ensinos como óbvios. Antes de ser aceito algo como
óbvio é preciso ter uma confirmação, uma pesquisa para que possa ser aceito e
compreendido. Se pudéssemos resumir como um cristão deveria se portar, seria aplicar
muita razoabilidade nos conceitos propostos por seus líderes. Tudo que é
ensinado nos púlpitos precisa ser razoável e passar pelo crivo do cânon.
Nós
aprendemos muito nas sãs escrituras sobre a razoabilidade, prudência e
investigação quanto àquilo que estamos aprendendo. Tudo que é ensinado nos
púlpitos é confiável? Os bereianos nos ensinam que é preciso estar atento
quanto àquilo que estamos recebendo como ensinamento. Em Atos 17.11 vemos que o
bereianos foram respeitosos com a palavra que estavam recebendo de Paulo e
Silas, contudo, examinavam a cada dia nas Escrituras se o que eles falavam era
realmente verdade.
Um
discurso feito por um pastor ou 'apóstolo' deve ser verificado; deve ser
questionado. Os líderes não podem ficar discursando o que bem entendem, bem
como os membros não podem mais ficar aceitando tudo pela fé. Devem estudar e se
aplicarem as pesquisas. Os líderes se utilizam da fé de seus membros para
mentir e inventar falsas visões e falsas doutrinas.
Muito
já foi ensinado sobre os dons do Espírito Santo e quais são eles, contudo, um
dom em particular tem se sobressaído e até mesmo tomado um lugar de destaque
dentro das igrejas, sejam elas evangélicas ou católicas. Este dom é o dom de
línguas. Não vamos tratar neste estudo sobre o que vem a ser o pentecostes,
dons e ministérios. Ficaremos apenas no dom de línguas.
O
Apóstolo Paulo, ensinou sobre dons aos coríntios, aos éfesos, aos romanos, pois
precisava tratar com vários irmãos que estavam com dúvidas sobre este assunto,
o de falar em línguas. Se conseguíssemos nos transportar para aquele tempo,
veríamos muitas articulações dentro da igreja para confundir ou distorcer o
verdadeiro ensinamento. Estas articulações eram feitas por falsos líderes,
enganadores, que se infiltravam na igreja para criarem falsos discursos. Em
pleno século XXI ainda existem estes falsos líderes e eles estão aos milhares
de milhares.
Algo
muito importante e de fundamental importância é resgatar a hermenêutica e
exegese para tratar desse assunto, pois se ficarmos somente no campo da
interpretação sem técnica, estaremos a mercê de fazermos uma falsa
interpretação, e com isso, criar uma falsa doutrina. Contudo, também não podemos
somente se embasar tecnicamente, mas sim, e principalmente interpretar com o
Espírito Santo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário