Não é de esperar que
alguém em sã consciência compre um perfume caríssimo e o utilize em outra
pessoa. Fato é que, se tal situação ocorresse, demonstrar-se-ia uma sublime e
poderosa estima com aquele que recebe o perfume. Foi isso que ocorreu em
Betânia na casa de Simão, o Leproso. Uma mulher usou em outra pessoa um frasco
de perfume que na época correspondia a trezentos dias de serviço.
A história é
maravilhosa, sendo relatada nos evangelhos de Mateus (26.6-13), Marcos (14.3-9)
e João (12.1-3). Antes de darmos seguimento, é importante lembrar que os
Evangelhos relatam suas histórias com particularidades, cada qual escrita para
um público particular. Jesus é apresentado através das cartas e relatos como
Rei, Servo, Homem e Deus. Conforme Dr. Griffith Thomas, Jesus pode ser visto
através dos Evangelhos como Salvador Prometido, Poderoso, Perfeito e Pessoal.
Em todos os
Evangelhos é apontado o alto preço da Redenção, e hoje, através de estudos, é
possível com toda certeza chegar a essa conclusão, qual seja, que Jesus muito
sofreu e padeceu para que o mundo recebesse o perdão de Deus. A conta foi paga;
a dívida perdoada. Contudo, naquela época muitos foram aqueles que o
desprezaram e o traíram.
Simão, o leproso,
conhecido por carregar em seu corpo as marcas de sua doença, recebeu Jesus em
sua casa, e conforme é possível entender, se tratava do pai de Lázaro, Marta e
Maria (Jo 12.1,2).
O relato narrado nos livros de Mateus e Marcos demonstra uma mulher por
nome Maria, que determinada, sabia o que estava fazendo, uma vez que
foi até Jesus, levando consigo algo muito precioso e de grande
valor; valor este que fora reconhecido por todos que estavam na casa. O que ela iria fazer demonstraria o seu total desapego a
utensílios terrenos. Demonstraria também para todos como Jesus deveria ser
honrado.
O unguento de nardo
puro nas Escrituras é mencionado primeiramente em Cantares de Salomão, quando a
sulamita menciona o perfume do nardo sendo exalado na presença do Rei, que no
caso, é Salomão (Ct 1.12). O nardo é uma erva perfumada encontrada na Índia,
nas partes mais altas do Himalaia, e o alabastro, que não é o foco, é uma pedra
preparada para ser usada por produtos de grande valor.
Conforme os
Evangelhos relatam, Maria, irmã de Lázaro, fez algo inesperado por todos da
sala, ela pega um vaso de alabastro cheio de nardo puro (perfume) e carrega até
a presença de Jesus. Na frente de todos, ela simplesmente faz algo sem volta,
quebra a abertura do vaso e derrama o perfume sobre a cabeça e pés de Jesus. A visão espiritual de Maria é comparável ao
de Bartimeu, o cego (Mc 10.47,48), pois ambos enxergaram Jesus espiritualmente.
A atitude de Maria revolta muitos da casa, e dentre estes, os apóstolos.
A adoração prestada
por Maria a Jesus está intimamente ligada ao mandamento “amarás, pois, ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento” (Mc
12.30). Maria amou a Jesus, entregando a Ele seu melhor; seu coração. Ela creu
com o coração e com entendimento.
Aos olhos dos
apóstolos e de outros que estavam na sala, o ato de derramar em Jesus aquele
unguento caríssimo estava sendo um desperdício, pois se tratava de um unguento
de nardo puro que poderia ser vendido por muito dinheiro para depois distribuir
aos pobres. No Evangelho de João podemos ver que Judas é um dos que se indignam
e pergunta por que não se vendeu o unguento. “Ora, ele disse isto, não pelo
cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava
o que ali se lançava” (Jo 12.6).
No Evangelho de
Mateus fica registrado que após Judas Iscariotes ter se indignado, “foi ter com
os principais dos sacerdotes para entregar a Jesus por trinta moedas de prata”.
Judas Iscariotes era um pecador assim como Maria de Betânia, ambos careciam do
perdão e da salvação. Judas adorou a Jesus de uma forma carnal, pecadora,
blasfema. Judas em nada foi diferente aos demais fariseus que buscavam matar a
Jesus. Maria ousou na adoração a Jesus. Sua adoração apontou para algo muito
maior e de infinito valor: O sangue e corpo de Jesus que foi dilacerado e
partido por todos os pecadores. Em Jesus estava à nova aliança.
Maria quebrou o
alabastro que continha o unguento de grande valor porque amou mais do que os
outros. Jesus Cristo entregou seu corpo e derramou seu sangue por tanto amar. O
amor de Maria, irmã de Lázaro, apontava para a paixão de Cristo, que por tanto
amar, passou pelo batismo da morte e tomou do cálice da ira de Deus.
Os cristãos precisam
amar a Jesus com todo o entendimento, força, alma e coração. Precisam rasgar
suas vestes e quebrar aquilo que tem aparência de precioso, pois nada é mais
precioso que Jesus, o Cristo; nEle está o dom gratuito de Deus, a vida
eterna (Rm 6.23).
Meu Deus... Senhor, que maravilhoso texto! Abrindo-nos os olhos para o apego que temos com as tralhas materiais, em detrimento do que é de fato mais precioso...
ResponderExcluirObrigado, Senhor pela vida do querido escritor, irmão Aislan. Completamente singelo e puro na escrita. Edificou e marcou a minha alma. Obrigado!
Querido pastor Cleilson. Seus comentários são sempre impactantes e suas escritas tão bem tecidas. É sempre uma honra ter seus comentários, pois você é uma referência de pastor pra mim.
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